Los locos e imparáveis...

*foto a ser substituída, uma vez que falta um elemento, Rafaelita!=)

Alguém muito sábio, el magnífico, dizia que em terras mexicanas se perdia a noção do tempo...es verdad, dei por mim perdida na sequência dos acontecimentos, a contabilizar o tempo pela luz solar e pelas refeições mexicanas. Foi uma sensação "espectacular" esta...situar-me no tempo pelas experiências increíbles que o iam marcando ao longo dos dias.

Tudo começa com uma viagem nocturna ao som de uns clássicos do Rock (e dos alarm calls da Sarita: "looombaaa"!), nas mãos do motorista mais loco de sempre (neste caso, seria mesmo imparável!)...Daniel! (e aqui faço um pequeno parêntises só para deixar uma mensagem em nome de todos: "Daniel volta, estás perdoado!") 1001 lombas depois chegávamos a Catemaco! Toca a montar mosquiteiros, sacos-cama, lençois e...banho!! (foi o meu melhor banho de sempre...a água estava gelada, mas foi maravilhoso, não estava a querer sair de lá! Testemunhas dizem que durou duas horas...mas naa, não foi tanto!)

Pequeno-almoço às 8h!! A nossa aventura começa...

Primeira incursão pela selva...o que posso dizer?? Mais uma vez, espectacular! Para quem sempre esperou por esse momento, torna-se difiícil transmitir a dimensão dessa sensação...valeu a pena todo o esforço para subir a floresta (mais uma vez o poder dos níveis florestais a fazer sentir-se! Níveis?? Não! Estratos?? Oh, Francisco!!). A melhor sensação de sempre...as chuvas tropicais no cimo da floresta! Primeiro, o barulho da chuva a cair sob o dossel florestal contínuo que nos cobria sem deixar passar a água...depois, a força da água a vencer a força do estrato, furando todos os espacinhos que a levavam até nós, escondidos por baixo desse "telhado florestal"! Liberdade...harmonia...equilíbrio...sensação de pertencer à natureza e não o contrário! (o que se sentiu verdadeiramente quando tivemos de voltar e descer todo o caminho feito até ali...a natureza estava em vantagem, era ela que mandava e não nós. Aqui deixo ficar uma homenagem sincera a...Paulina, la loca!! Ligou o piloto atotomático e só parou lá em baixo para uns valentes goles de água da chuva...a conselho do médico, claro!!)

Primeiros obstáculos superados, venham os próximos! Preparar binóculos, cronómetro, bloco e caneta e...começam as tão aguardadas observações de campo! Sim, foi isto por que tanto ansiei e que me fez sentir verdadeiramente realizada...ali, no papel de etóloga, senti-me completa. Foram quatro dias de observações intensivos que reforçaram a minha sensibilidade para o estudo do comportamento animal e a vontade de continuar. Sim, era isto mesmo!

Ilha de Agaltepec e Monte Pio, lugares incríveis, cada um com as suas dificuldades particulares...mas este último deu luta, deu...andávamos imparáveis para não perder de vista o indivíduo focal (quando não se encontrava em descanso, claro!) Entre arbustos e lianas, olhos entre o estrato emergente e o solo para não pisar nenhuma cobra não desejada, los locos não desistiam...apenas parávamos para tentar admirar a beleza de um colibri que se fazia ouvir no silêncio da floresta ou...para atacar os intermináveis pacotes de bolacha do Zé!! Para além de tudo isto, destes dias de observação vão ficar para sempre na nossa memória: as paisagens de floresta entre a neblina, a boa disposição e o esforço persistente da Ari em busca das fêmeas com cria (obrigada, Ari!), a orientação espectacular do Pedro (principalmente naquela tarde intensiva de trabalho no La Panga, foi incansável), o espírito de trabalho de grupo, a visão da Mary Poppins a descer a floresta (um misto entre Mary Poppins e Pipi das meias altas!), os momentos de maior proximidade com os macacos uivadores nos seus picos de actividade (sim, desciam ao solo!), os barulhos da floresta à noite, o nascer do sol...e todas aquelas sensações auditivas, olfactivas e visuais não transmissíveis por palavras.

De Catemaco fica a imagem das árvores cobertas de garças, a paisagem da Laguna de Catemaco, o ataque cerrado das limas às "cabeças" e, entre outras coisas...LA PANGA! (a Paulina talvez tenha preferido o La Tanga, mas gostos não se discutem!) Desde a maravilhosa tarde passada ao som de "Senhorita" e "Adelita e Joselita em coro", na suprema presença de Jeeesus Cristooo num cadillac, à noite mais loca de sempre...mais uma vez, difícil será traduzir por palavras as imagens que guardamos dessa noite ao som dos ritmos mexicanos! Para essa noite são atribuídos vários "primeiros lugares"...Adelita, El Magnífico e Pedro (que terá voltado para casa sem chinelo, tal foi a animação) ocupam o podium! A Verónica ia sendo hipnotizada, mas acabou por ganhar o jogo das cadeiras em vez de se transformar em galinha! Foi impossível permanecer indiferente ao som daqueles ritmos latinos, aqui a Papoila também estava imparável...pusemos ou não uns bons discos, Sarita?? Éramos as DJs de serviço, não podiamos descurar! Enfim, tequila é tequila, trabalho é trabalho!!

No entanto, Monte Pio não ficou nada atrás, muito pelo contrário! Mas, atenção, um conselho: nunca digam "se a Verónica for, eu vou!!", principalmente quando atingem aquele nível (mais uma vez os malditos níveis!!) de tequila a partir do qual esta já não sobe mais, segundo a sabedoria de El Magnífico! Bem, a partir daí tudo é possível! Ainda que tenha apanhado o susto da minha vida ao ver desaparecer no mar professor e amigos, devo dizer que...a praia de Monte Pio à noite, o céu estrelado que foi ficando coberto pelas nuvens e o barulho do mar a cortar o silêncio da natureza, formam a combinação perfeita naquele equilíbrio entre selva e praia.

Monte Pio vai ficar na história, sim...bastou meter cavalos e mulheres de branco! Paulina, la loca, surpreende mais uma vez! Montada no seu cavalo branco, vestida de branco, Paulina é avistada a cavalgar sin miedo, deixando para trás um mexicano numa mota que tenta desesperadamente alcançá-la! Uma imagem que ficará para sempre na memória de muitos! Como essa, só mesma a da nossa Veroniquita a subir as dunas no seu cavalo descontrolado! Foi, sem dúvida, uma experiência increíble...atravessar praia e paisagens verdes a cavalo, até à cascata onde pudemos mergulhar, regressando de noite, já sob as estrelas...se foi.

Bem...se, por um lado, esta semana parecia ter passado tão devagar, por outro lado estava já a chegar ao fim. Estavamos quase a ser deixados por nossa conta...faltava apenas uma coisa, o TEMAZCAL. Nunca pensei que a Paulina se revelasse o elemento libertador da experiência...;) Contudo, foi bom partilhar esta experiência com vocês, despoletou algumas sensações agradáveis inicialmente...mas nem a vela de Jesus Cristo me convenceu a aguentar as "40 pedras"!

Bueno...chegaram as férias! Primeira cidade de destino...Veracruz! Chegou o momento do banhinho quente tão esperado e do "melhor" café do mundo! Uns bons momentos de descontracção e comprinhas para família e amigos! No dia seguinte tomamos a grande decisão das nossas vidas..."Oh, o Pacífico é perto demais, vamos mas é para Cancún!". Sim, somos todos locos!!

Lá vamos nós! Primeiro passo...viagem de 16h (16 ou 19??) até Campeche de camioneta! Cadeiras reclináveis, filmes com vozes de raparigas do canal 18 e...muito, muito mp3 do Zé (é ou não é bom, Paulina??) e água! Só faltou o espaço de "sala" para além do "quarto", como no avião à ida para o México! Uma falha, não, Zé? No entanto, estava tudo numa nice! Um conselho: sempre que fizer uma viagem nocturna de tantas horas, leve muuitaas barritas de cereais!

Chegadinhos a Campeche, `bora lá alugar um carro à turista, com muito bom aspecto e que permita deixar as malas à vista! A seguir...rumo a Mérida! (não, não fomos para Espanha...não somos tão locos assim, ainda que possamos parecer!) Bem, tivemos O ALMOÇO da nossa vida...entradas maravilhosas (ainda estou à espera do efeito da maionese para fazer jus à alcunha Andreia das tripas!) e um marisco delicioso de comer e chorar por mais! Um almoço suficientemente consistente para a Verónica dominar o nosso Kitt em terra batida!

Almocinho na barriga, rumo a Chichén Itzá! Infelizmente, chegámos precisamente no momento de encerramento da cidade, mas sempre deu para o espectáculo nocturno. Ainda que não surpreendente, pelo facto de ser à noite, a cidade acaba por conseguir transmitir parte do seu misticismo, deixando a descoberto os fantasmas da civilização Maia. No entanto, no dia seguinte é que nos apercebemos melhor da sua grandiosidade. E esta terá sido mais uma noite bem passada, num hotel encontrado nas páginas do guia da Península de Yucatán.

Ao som do cd "quemado" do La Panga, a viagem continua rumo a Cancún! Esta ficará, sem dúvida, na história das melhores viagens de carro! Muita animação, muita música e muito ritmo...não faltou nada, nem uma multazinha por excesso de velocidade (chame-se a excesso de velocidade, o ponteiro a passar os 40km/h) e o direito a uma luzinha de mau funcionamento do motor! "Looombaaa"!

Passados todos os obstáculos, Cancún!! O difícil foi conter os nossos impulsos para mergulhar no Mar das Caraíbas ao longo das praias privativas de acesso exclusivo pelos hotéis de 5 estrelas! Lá encontramos um "buraquinho" de praia entre as privativas com direito a um mergulho no mar quente e a um quase assalto ao nosso carro alugado! Siga para a Playa del Carmen, o nosso destino último paradisíaco!

Cabañas La Ruina, aqui passamos aquela que seria a nossa última noite transformada em duas...duas últimas noites, dois últimos jantares...enfim, a desgraça! Mais um conselho sábio: tenham cuidado com as tequilas dos últimos jantares e nunca peçam coca num barzinho de praia com influência hippie! Não poderiamos ter encontrado melhor estadia...cabanas em cima da praia, céu estrelado sob o Mar das Caraíbas a um passo do quarto, a luz do nascer do sol sob o mar, a entrar às 6h pelo quarto e a puxar-nos para um mergulho matinal, pequeno-almoço na praia...aii, vamos voltar!

Depois de tudo isto, o que poderíamos querer mais?? Nada, diriamos nós! Só se foosseee...um último jantar!! Sim, é verdade, tivemos direito a mais uma noite num hotel de 5 estrelas na cidade do México, um jantar delicioso no quarto e um belo pequeno-almoço...agora sim, já não dava para pedir muito mais!

E depois deste pequeno relato dos 15 dias mais ESPECTACULARES dos últimos tempos, as saudades apertam e só me apetece voltar...

A nós, los locos e imparáveis!!